As novidades do setor, aliadas à necessidade de otimização,
trazem cada vez mais empresários do agronegócio brasileiro para o mundo da irrigação.
O novo irrigante! De pequeno a grande produtor, de norte a sul do país, esse profissional
chega ao mercado muito bem informado e adepto das novas tecnologias no campo tornado-se
referência no agronegócio brasileiro.
Foto: Maurício Farias |
A
irrigação por pivô central no Brasil vem se desenvolvendo desde 1978, mas,
ainda hoje, em algumas regiões, é algo praticamente novo dentro das
propriedades agrícolas. A irrigação por pivô central tem cada dia mais
conquistado novos adeptos com perfis diversos, mas que têm em comum o fato de
serem empresários que avaliam as diversas alternativas para incremento de
produção principalmente em função do escassez e alto custo das terras. Muitas vezes,
são questionados por aqueles que acreditam que o pivô é um equipamento caro voltado
para os grandes produtores de soja e milho.
Viajando
pelo país, é fácil observar que essa ideia é equivocada. Temos produtores de
médio e pequeno porte colhendo melhorias diárias em sua produtividade graças à
irrigação. Além disso, esses produtores deixam de usar a irrigação apenas para
a produção agrícola, e a direcionam para a irrigação de pastagem e silagem
voltadas para a pecuária de corte e de leite.
A
primeira legislação brasileira que levanta a bandeira da irrigação data de 1934
com o Código das Águas, trazendo relevância à gestão dos recursos hídricos no
Brasil. O decreto garantia o livre uso de fluxos ou fontes de água para as
necessidades básicas de vida, utilizando o nome de ‘águas públicas’ e
determinando que uso deveria seguir regulamentações administrativas. Com a
Política Nacional de Irrigação, de 1979, são definidos termos de
desenvolvimento da irrigação, com alguns pontos principais, como: pesquisa,
planejamento, tarifas e preservação da qualidade da água. Em 1988, com a
publicação da Constituição Federal, a utilização da água para irrigação é
dividida entre a União e os Estados, que começam a criar seus próprios sistemas
para gerir seus recursos hídricos. O primeiro estado a aprovar uma lei de
gestão de recursos públicos foi São Paulo em 1991.
Paralelamente,
o número de habitantes aumentou e, consequentemente, a necessidade de maior
geração de alimentos. Esses números permitem o desenvolvimento da agricultura
de alta produção no Brasil, gerando assim mais alimentos para atender à
demanda, levando o agricultor a aperfeiçoar sua propriedade por meio da
irrigação.
Três décadas depois da vinda da Valmont para o
Brasil e com os recordes de produção agrícola brasileira, os números mostram
que dos 120 milhões de hectares utilizados pela agricultura no Brasil, apenas
3,5 milhões são irrigados, dando estimativas de que 29 milhões desses hectares
possam ser utilizados para a prática. São nesses números em que os não
irrigantes e os irrigantes estão de olho. Uma grande oportunidade de negócio! São
os novos irrigantes brasileiros!
O pecuarista agricultor
Nascido
e criado em uma família tradicional de pecuaristas, Albano Ferreira sempre
esteve ligado à produção rural. Durante toda sua vida foi criador de gado de
corte, chegando a ter uma passagem rápida pelo gado de elite. Com propriedades
rurais em São Paulo e no Mato Grosso do Sul de cria e engorda, há cinco anos
decidiu fazer o plantio de soja para reforma de pasto na fazenda de Ribas do
Rio Pardo - MS. A princípio, não visava lucros, mas dois anos depois da
empreitada, percebeu que o grão podia lhe gerar rendas junto com a pecuária de
extensão já utilizada.
Arrendadas
as terras de São Paulo para a produção canavieira, decidiu concentrar suas
energias somente na propriedade sul-mato-grossense. Com os lucros do plantio da
soja, foi aos poucos percebendo que podia ter outra ocupação: a de agricultor.
A oportunidade bateu à sua porta: adquiriu propriedade vizinha às suas terras,
onde a qualidade da terra era melhor para a agricultura. Pronto! Sua produção estava
basicamente organizada, dedicando parte para a pecuária de extensão, parte para
a agricultura em sequeiro, dependendo da chuva para tudo dar certo.
Mas em julho de 2014, viu que podia transformar
suas lavouras. Em uma visita a parentes em Unaí - MG, viu de perto um pivô, seu
funcionamento e sua produtividade. Ficou abismado: “Gostei demais! Vim louco e fui atrás de informações”, conta se
referindo à assistência que a revenda Valley Amana lhe direcionou. A instalação
de dois pivôs aconteceu dois meses depois da primeira apresentação, e a
primeira colheita, mesmo não tendo expectativas de produtividade, impressionou:
“Tive muita sorte por me adequar à
legislação ambiental do município. Sou muito novo nisso. Estou começando agora,
mas estou muito satisfeito. Já fiz uma safra e já estou plantando de novo”.
Já
planejando suas colheitas, tem o calendário certo para cada lavoura. O que
antes era apenas reforma de pasto para o que denomina como safrinha da carne,
hoje já sabe que tem tempo certo e direcionamento para cada função dentro da
propriedade: “A integração que estou
fazendo é essa: planto soja no verão, colho e agora tem o milho que já vai para
o confinamento. Planto capim só na safrinha, onde o gado fica seis meses, e
volto para a soja de novo. Achava que irrigação era um bicho de sete cabeças, e
não é. É facinho! Tem colocar em prática! É só querer!”.
Apesar
de o estado do Mato Grosso do Sul não ter grandes períodos de estiagem, a
irrigação foi vista principalmente como uma segurança. “Se eu pedir a um banco que segure uma lavoura, caso façam, será uma
prestação cara, mais cara que a aquisição de um pivô. É indiscutível! As contas
fecham muito bem”, acrescenta com o pensamento de um empreendedor.
E como
todo empreendedor, Albano Ferreira viu que o pivô Valley podia ter mais
funcionalidade na sua propriedade com a utilização da Irriger como ferramenta. “Pensava que irrigar era molhar bastante a
lavoura. Depois que acompanhei o trabalho da Irriger entendi o que é irrigação”.
Com mais
seis pivôs em instalação, totalizando oito equipamentos, a intenção é continuar
irrigando em São Paulo quando terminar o contrato do arrendamento. Com a
produção de pecuária e lavoura numa área de 501 ha, Albano, ladeado pelo filho
Rodrigo recém-chegado para o trabalho na fazenda, sabe da sua função como novo
irrigante: “Trabalhando com
responsabilidade a água e a energia, o pivô é um seguro, pois é certeza de
colheita. Temos que ter o pé no chão. Há um ano nem imaginava ter um pivô e
hoje tenho oito rodando”. Rodrigo completa: “Sempre tive vontade de correr atrás do meu espaço, de aprender. A
irrigação é um passo importante para eu sair do meu emprego em São Paulo e
estar aqui, direcionado, e certo de que trabalhar com meu pai é a melhor coisa
para mim, mesmo trabalhando há um mês sem parar”, responde rindo fazendo
comparativo com o quanto trabalhava na cidade.
Especialista em lavouras de soja no Paraguai
De
Redenção do Gurguéia no Piauí vem outro novo irrigante, que nasceu numa família
de agricultores familiares em Santa Catarina. Quando jovem, vai para o Paraguai
nos anos 1980 trabalhar nas lavouras de soja vizinhas, onde se especializa na
cultura do grão. Em 2000, volta para o Brasil buscando oportunidades no
nordeste do país.
Empolgado,
Eloi Pieta, com ajuda dos irmãos, resolve implantar o cultivo da soja no
cerrado piauiense, mas as dificuldades do clima quente impediam grandes
produtividades e consequentemente progressos. Sem irrigação, a terra não
permitia o trabalho com a agricultura e os problemas foram aparecendo, já que
os veranicos são muito extensos naquela região, levando em poucos dias à morte
da planta.
Surge a
intenção de irrigar. A princípio foi o irmão Carlos ainda no Paraguai quem viu a
possibilidade de Eloi irrigar para salvar as lavouras em sua propriedade,
aproveitando do clima favorável para o investimento. Como não conhecia o
equipamento, o incentivo foi importante para que fosse até a Bahia observar o
trabalho de um pivô central: “Fizemos a
viagem exclusivamente para conhecer a tecnologia. À primeira vista ficamos
impressionados, pois onde havia pivô estava tudo verde e onde não havia, estava
tudo seco”. A decisão pela aquisição dos pivôs foi tomada naquele momento e
fechar com a revenda Valley Multigrãos foi logo concretizada.
Os
resultados superaram as expectativas. Com seis pivôs instalados e irrigando 106
ha cada, Eloi Pieta adquiriu mais três equipamentos que estão em instalação. A
ideia inicial de irrigar soja foi incrementada às lavouras secundárias de
milho, feijão e arroz irrigado. “Nossas
expectativas eram de que os pivôs fossem realmente eficientes, mas depois que
se provaram os resultados com o manuseio e a primeira colheita, ficamos
impressionados com os resultados”.
Hoje, com a propriedade irrigando 632 ha, os
planos são de terminar 2015 com 930 ha irrigados. Mas não para por aí: “As expectativas são muito grandes quanto ao
cultivo. Em pouco tempo queremos alcançar 2500 ha irrigados”.
O pequeno-grande produtor
Adilson
Queiroz é produtor rural desde criança. Trabalhador, passou a vida na lida
diária e difícil de um pequeno produtor de leite no Brasil. Há 20 anos à frente
da propriedade junto com a mulher Dores e os dois filhos Aline e Dário, o
dia-a-dia da produção leiteira muitas vezes levou a família a condições muito
difíceis. Mas, como resume bem: “continuei
com a atividade que sabia mexer”.
Em suma,
os dias da família Queiroz eram preenchidos com a ordenha de leite, o cuidado
com o pasto e o trato da silagem pobre em nutrientes que eles mesmos plantavam
e colhiam na fazenda de 100 hectares. Isso quando não perdia produção por conta
do sol escaldante que a região de Vazante no noroeste de Minas Gerais tem o ano
todo. “São Pedro aqui é bem regrado”.
De sua
propriedade, Adilson via certa vez um vizinho instalar um pivô. A quantidade de
canos impressionava e gerava dúvidas sobre funcionamento do equipamento. Para
ele, não havia cabimento um pivô funcionar com energia monofásica. Acreditava
que só a energia trifásica teria condições de comportar o funcionamento. E foi
com essa descoberta que percebeu pela primeira vez que podia irrigar também.
Mesmo que fosse muito distante daquela realidade.
Enquanto
o vizinho instalava seus pivôs, Adilson foi tirar as dúvidas que tinha com o técnico
agrícola e projetista de sistema de irrigação da revenda Pivodrip, Gustavo
Silva Jr. Aproveitou, fez orçamento e correu para contar à mulher que iam ter
um pivô. Ela duvidou, mas, confiando na certeza do marido, apoiou o que até
então era uma loucura. “Pensei comigo:
isso é possível! Se está acessível para tantos, posso ter um também, uai!”
As
dúvidas já não pairavam mais sobre sua cabeça. As expectativas eram as
melhores, já que sua experiência mostrava que o que lhe impedia de oferecer
trato de qualidade ao seu gado era a falta de nutrientes que a silagem que
costumava plantar trazia com a falta de água. “Sabia que ia conseguir o que estava procurando: produtividade e
qualidade. E consegui, graças a Deus!”.
Na
primeira colheita, a surpresa foi imensa. “Nunca
vi minhas vacas darem tanto leite!”, se referindo aos números que antes
eram de 12 litros de leite/vaca, passando para 28 litros de leite/vaca –
chegando a alguns animais a 30 litros.
Rapidamente
foi vendo somados os resultados. O que colhia antes em 30 ha, com a irrigação,
consegue em 10 ha, ou seja: de 15 toneladas/ha para as surpreendentes 50t/ha.
Gustavo Jr., completa: “Na verdade o
Adilson usa o grão como rotação de cultura. Ele faz duas de silo e uma de soja,
conseguindo assim três safras/ano”.
A
capacidade de enxergar além da realidade difícil de pequeno produtor rural
mudou a vida de Adilson e de sua família. Sua coragem em ir atrás de
informações permitiu ver que, literalmente, a irrigação era a salvação de sua
lavoura. Seus dias agora na fazenda são mais produtivos, podendo planejar suas
ações no campo. “Com o pivô a gente
projeta o dia que vai tratar a terra, o dia que vai plantar e o dia que vai
colher. Se não irrigar, você não consegue, pois não chove. Agora com o pivô é
diferente: o ‘trem’ joga água e ainda roda lá por cima! Não tem jeito: colhe
mesmo!”.
Emocionada,
Dores lembra as dificuldades do marido no trabalho no campo antes da irrigação.
“Sou feliz demais! O dia em que o pivô
foi montado e a água caiu na terra levantando a poeira, choramos nós quatro lá
embaixo dele. Mas choramos foi de alegria, porque a última colheita nossa não
deu nada. Os pés de milho quebraram porque não choveu. Era muito difícil”.
Adilson
continua enxergando longe. Seu projeto é continuar produzindo, sempre
diversificando para conseguir confinar gado - uma de suas metas. Para isso ele
ouve atento às orientações do técnico Gustavo: “A questão da irrigação não envolve só investimento para aquisição.
Existem situações limitantes que determinam na compra do equipamento. Todos têm
que caminhar juntos: recursos e estrutura da fazenda”.
Para o
pequeno-grande produtor que em um ano adquiriu um pivô com dois lances e que já
tem mais um para ser instalado, ser irrigante nunca tinha sido tão vantajoso: “O único problema do pivô é que ele me fez
beber uma pinga. Coisa que nunca fiz. Quando vi aquelas espigonas daquele
tamanho, falei: vou ter que tomar uma para comemorar”, contou emocionado
num misto de risada e olhos marejados d’água.
Pasto irrigado
Administrador
de empresas, Daniel Domingos teve sua ligação com a produção rural desde sempre.
Filho de produtor de gado de corte, dedicou-se à carreira de gerente de um
banco público nacional. Mas, como o mundo gira, viu-se destinado a abandonar o
cargo, trocar o sapato pela botina, e voltar para o campo.
Em 2007,
com a morte do sogro e a impossibilidade de a esposa cuidar da propriedade do
pai, teve que enfrentar o desafio de tomar conta de uma propriedade produtora
de cana no estado de Alagoas. Cinco anos depois, vê a possibilidade de investir
em uma nova fazenda. Pensou em voltar para Patos de Minas, onde nasceu e estava
sua família. Fazendo bom uso de sua formação, visou unir detalhes que fizesse
do negócio e que fossem importantes para o sucesso da aquisição “Já na compra pensei em irrigação. Precisava
gerar aproveitamento e retorno compatível com o investimento”.
Junto
com o fechamento da compra da propriedade, três pivôs setoriais foram
instalados a fim de potencializar o investimento. Apaixonado por pecuária, o
projeto inicial era investir em gado de corte como o pai, mas a possibilidade
de utilizar a agricultura irrigada para o trato animal foi amadurecida,
determinando-se que a produção leiteira, aliada à genética através da
transferência de embrião, seria um bom negócio. Outro fator participante para a
decisão do administrador é a região onde está situada a fazenda, considerada a
maior bacia leiteira do país.
O
investimento em matrizes girolandos já colhe frutos. Em 2014, Daniel Domingos
terminou o ano como quarto melhor expositor no ranking da Associação Brasileira
de Criadores de Girolando. Atualmente, o jovem produtor é o primeiro colocado
no grau de sangue ¾. Nesse mesmo ano, o primeiro pivô foi instalado. Ao todo
são 50,5 ha irrigando além de pasto, milho para silagem que é dividido entre o
uso da fazenda e a comercialização. Com 50% da área destinada a pastagem,
Daniel consegue produzir pasto de qualidade a 8 UAH (unidades de animais por
hectare), fugindo da média do Brasil que é de 1 UAH. “O pivô para pasto é um bom negócio”.
“Quando comentei com as pessoas que ia irrigar pasto me
perguntavam se eu estava doido. Para muitos, pivô é para quem planta. Recebi
muita gente aqui para provar que a atividade era muito viável. O investimento
em mecanização – pivô e máquinas – quebra um paradigma de que irrigação é somente
para agricultura. Esse tipo de investimento é que vai mudar a perspectiva da
pecuária no Brasil”, completa.
*Matéria de Capa publicada em Pivot Point Brasil - abril/2015
*Matéria de Capa publicada em Pivot Point Brasil - abril/2015