quarta-feira, 6 de abril de 2016

Carlos e Matheus Nogueira: a irrigação de pai para filho

A sucessão familiar dentro da propriedade rural é o sonho de todo produtor. Ver que seu trabalho é acompanhado de perto pelos filhos já deixa qualquer pai ou mãe já muito satisfeitos. Imagina então saber que seguirão seus caminhos... Mas, infelizmente, essa não é a realidade comum das propriedades rurais no Brasil. As cidades com suas luzes e opções levam muitos filhos da roça. Algumas vezes, levam ainda o sonho e o trabalho de uma vida toda de homens e mulheres do campo que não só alimentam um país, mas determinam a vida urbana. Se a alimentação do brasileiro é diversificada de alta qualidade e principalmente tem custo baixo tudo isso é graças aos nossos bravos homens do campo.
Por todos os lados ainda há casos (e muitos) de sucessão. Casos que nos fazem respirar aliviados em saber que continuamos seguros. Carlos Nogueira nos traz uma daquelas histórias boas de serem contadas! Zuquim, como é conhecido na região de Guaíra - SP, é a sétima geração de uma família de pecuaristas. Filho único conviveu com as dificuldades e conquistas do pai produtor e foi assim, de pai para filho que a paixão pela vida no campo foi passando e crescendo. Da cidade natal, Zuquim só saiu para estudar Zootecnia. “Fui a primeira turma de Jaboticabal. Naquela época chamavam de 120, onde desses, 30 faziam Zootecnia. Dos 30, só eu me formei!”
A ideia de fazer a graduação tinha a haver com a geração de pecuaristas da qual foi criado, mas depois de formado e casado em 1976, Zuquim viu uma janela na propriedade do pai chamada Agricultura. “Meu pai não tinha dom para a agricultura. Depois que casei, voltei para Guaíra e ele me doou uma área onde começamos a plantar. Sempre tive uma queda para a agricultura”.
Visionário, Carlos Nogueira viu que investir em tecnologias adequadas traria mais produtividade para suas lavouras. Em 1982 adquiriu o primeiro pivô, dando um passo certeiro. Com esse equipamento irrigou feijão e tomate e vendo necessidade, fez uma derivação na adutora e colocou um auto propelido, conseguindo assim irrigar seis alqueires. “Na época o feijão estava a 4,50... não me lembro se era cruzeiro, cruzado ou cruzeiro novo. Quando colhemos estava a 47,00! Com a venda dessa produção, compramos nosso segundo pivô! De lá para cá a coisa foi fluindo.”
A surpresa não ficou só no preço. “A produtividade foi grande demais”. O espanto foi ainda maior quando viu que o aumento na produtividade estava em torno de espantosos 1000%. A compra daquele feijão todo veio dentro de uma mala: “Naquela época o comprador de feijão trazia o dinheiro vivo dentro de uma malinha. Eu pesava o feijão, entregava pra ele e ele me entregava o dinheiro. Assim, na hora! Às vezes tinha que vir pra dentro do escritório pra contar a venda! Era muito dinheiro!”
Mesmo tendo uma ferramenta que garantia colheita, as tecnologias e culturas da época não permitiam que um único pivô pudesse irrigar mais que 36 alqueires. Irrigando, o agricultor já nos anos 1980 fazia duas culturas e meia/ano. Isso sem contar com as geadas que encararam naqueles anos. Para o produtor que não irrigava, foram ainda piores. Mas Zuquim, confiante se encantava com aquela colheita muito diferente de quando plantava em sequeiro: “aquela produção que se conseguia nessa área era coisa extraordinária!”.

A maior surpresa
As conquistas dos anos como agricultor foram muitas, mesmo com as dificuldades que a vida no campo traz. Pai de três filhos, Zuquim foi sempre apoiador e como acontece corriqueiramente nas fazendas de todo o Brasil, o comum é enviar os herdeiros a estudarem na cidade, garantirem estudos e quando adultos, voltarem para o campo com suas expectativas e conhecimentos. Mas ele foi vendo que a sucessão na família estava prestes a acabar. As gerações de produtores estavam próximas do fim, já que seus filhos buscavam outros caminhos e estavam voando pra longe da fazenda. As dificuldades bateram à sua porta. Sozinho e com os anos ele teve quase certeza que a vida no campo da família Nogueira tinha ponto final em sua geração.
Mas, outra grande surpresa estava por vir. O filho do meio, Matheus Nogueira, formado em Administração e empregado em uma grande multinacional na capital paulista voltou para ao interior a fim de tocar os negócios do pai e começar uma vida nova, longe da cidade grande. “Acho que está no sangue da gente. Em São Paulo vi que aquilo não era pra mim. Voltei, comecei a trabalhar e dar continuidade ao que meu pai vinha fazendo”, acrescentou Matheus.
Para o pai, a volta do filho e sua determinação mostraram que a oitava geração estava pronta para continuar os passos da família. Em pouco tempo, o filho foi dando tiros certeiros em investimentos e consequentemente em produtividade. Na propriedade do estado de Goiás onde criam gado, Matheus ganhou quando fez 15 anos, 20 bois. Foi aumentando ao ponto que a marca do rebanho do pai foi sumindo perto da quantidade do filho.
Empreendedor, vendeu um pouco das cabeças e comprou seu primeiro pivô menos de um ano depois que decidiu ser agricultor. A história se concretizava! E completa: “Quando voltei para Guaíra, uma das coisas que me motivaram a trabalhar foi a irrigação”.

Uma família irrigando
O bom uso da água foi sempre pregado na propriedade do senhor Carlos Nogueira e a certeza da garantia e assistência Valley também. A sua decisão em investir em irrigação lá nos anos 1980, transmitiu ao filho 20 anos depois, a certeza de que aquela tecnologia seria a ferramenta certa para a produtividade na colheita. A garantia do investimento do filho, sempre foi lição dada dentro de casa pelo pai: “Nunca duvidei da potencialidade da irrigação. O pivô foi um avanço de muita tecnologia na vida da agricultura. Não vejo uma ferramenta que seja mais precisa para o agricultou que o pivô, como não vejo uma marca que dê mais assistência ao irrigante que a Valley”.
Matheus aprendeu. Hoje a propriedade da família Nogueira conta com nove pivôs, desses, cinco vieram junto com ele. “Há 12 anos quando voltei, sabia que a produtividade depende da água. Que se não irrigasse, teria problemas com estiagem e ninguém falava em seca. Hoje temos isso como fator certo. Mas não é só isso: não adianta ter um pivô se não tiver um bom projeto, porque a cultura depende de xis milímetros na fase reprodutiva da planta por dia, dependendo do clima. Se um pivô for mal dimensionado, não consegue certa produtividade. Confio no Fumaça e nos projetos que ele faz para mim”, se referindo ao revendedor Valley da cidade de Guaíra, S&A Irrigação.
Com 80% da lavoura irrigada e produzindo soja, feijão, tomate e milho doce na terceira safra, a área de refúgio dos pivôs é feita por seringais. “Você não pode apostar tudo em uma única cesta. Tem que diversificar! Sou um sonhador. Agradeço a Deus por estar aqui trabalhando. Trabalhando direito e honestamente, a gente produz sim!”. Já com o espírito agricultor encarnado, Matheus completa: “A gente é agricultor, né? Está sempre na luta e na esperança!”

Dá pra ver nos olhos marejados d’água de Zuquim ao ver o filho continuando sua trajetória no caminho certo que ele mais ou menos na sua idade decidiu traçar. Mesmo com a desconfiança contraída do pai pecuarista: “Ele nunca me falou não! Mas eu sei que ele dizia por ai: esse menino tá doido! Não sei como ele vai conseguir. Quem investiu em tecnologia como eu naquela época mudou o aspecto da agricultura no Brasil. E o Matheus está dando continuidade! Melhor do que eu!”

*Matéria publicada em Pivot Point Brasil, abril de 2015