segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Família Valley

Com mais de 220 colaboradores diretos na fábrica, 30 revendas e 45 lojas em todo o país, a Valmont Brasil através da marca Valley transforma trabalho duro em paixão por irrigação. A vontade e o orgulho do grupo, desenvolve ainda outro sentimento: o de fazerem parte de uma mesma família: A Família Valley!


O sentimento de estar em casa é frequentemente abordado pelos funcionários das empresas, já que ficam boa parte de seus dias dentro delas. Essa realidade não é diferente da fábrica da Valmont Brasil, sediada na cidade de Uberaba – MG. Amizades e negócios são feitos, envolvidos entre pivots que saem da unidade para revendas em todo o país e assim entregues a clientes que utilizam os equipamentos para irrigar lavouras que alimentam muita gente.

O círculo de produção feito pela irrigação através dos pivots Valley, funcionários, revendas, clientes e consumidores traz um enorme sentimento de satisfação a todos. A Valmont desde sua fusão e até antes disso, durante o funcionamento da Asbrasil criou e consolidou entre seu quadro de funcionários grandes parcerias que vingaram em verdadeiras paixões: por irrigar e por trabalhar na empresa que traz em sua história, orgulho e compromisso.

Mas, para que tudo isso tenha significado, é importante contar um pouco das histórias que unem esses sentimentos. E começa em 1946, quando, sob a batuta de Robert Daugherty surge a Valley Manufacturing nos Estados Unidos, mas que somente oito anos depois, a empresa fabrica os primeiros pivots centrais quando em 1954, Frank Zybach licencia a patente à empresa. Concidentemente, nesse mesmo ano a Asbrasil nasce no Brasil produzindo tubos e conexões para irrigação convencional.

As coincidências não param por ai. Em 1975, enquanto a Valmont lança o Corner, a Asbrasil começa a fabricar os primeiros auto propelidos. De longe os americanos observavam a fábrica brasileira e em 1978 firmam parceria, criando a Valmatic. Um ano após, são instalados os primeiros pivots no Brasil, na região de Brotas – SP. Em 1989, a fábrica sai de São Bernardo do Campo – SP e instala-se em Uberaba. E oito anos depois novamente, a Valmont funde com a então Asbrasil dando início a mais um capítulo da história da irrigação.


Tempos difíceis

Muitos dos funcionários que estão até hoje trabalhando na empresa presenciaram todos esses acontecimentos e juntos, fazem parte da história de sucesso e da grande família Valley. São histórias que até então não foram contadas, mas que dão à marca a paixão por usar a camisa Valley.

É o caso de Carlos Reiz um dos funcionários mais antigos, com mais de 30 anos de empresa. De sua cadeira presenciou muitos episódios que construíram a Valmont Brasil: mudanças, incertezas, altos e baixos. “Após uma reunião mostrando baixas, na época como Asbrasil, o chefe do grupo do qual fazia parte disse: temos duas opções: ou vamos pra casa ou lutamos. Fui o primeiro a dizer: prefiro lutar!”, conta emocionado. Na época com esposa e filho pequeno se viu em desespero, mas sabia de alguma forma que se ficasse e continuasse a trabalhar pela empresa, um futuro próspero estava por vir.

Eram tempos difíceis. A economia do país passava por momentos delicados. Tudo levava os mais pessimistas a fechar a empresa. A pressão era grande. “Pensava nos outros funcionários, em suas famílias e o que teriam que enfrentar caso não lutasse. Fiz isso por todos”. Determinado, Reiz ia todos os dias para empresa em busca de novos clientes, que começaram a voltar e efetivar contratos. “Isso me emociona! Devo essas conquistas aos clientes que acreditaram não só em mim, mas na proposta da empresa”.

Paralelo ao problema na fábrica, a Valmont nos EUA tinha em mente abrir uma filial na América do Sul. Vendo que a Asbrasil era uma boa parceira, os americanos esperaram os dois anos que a empresa precisava para se reerguer e efetivou a compra. A decisão em literalmente correr atrás do prejuízo traz para Reiz nostalgia de tempos difíceis, mas que hoje são lembrados de certa forma prazerosos, onde só o gosto pelo que faz, traduzisse tanto desempenho e coragem. “Graças a Deus fomos em frente. Aguentamos a pressão. Hoje a coisa mais prazerosa é poder ver mais de 220 funcionários trabalhando, levando tranquilidade para suas famílias”.

Foi exatamente de sua sala que Carlos Reis firmou muitos contratos, elevando a fábrica e traçando o caminho de conquistas que conhecemos. Aos poucos a marca Valley foi levando arco-íris para lavouras em todo o país. Seus esforços se transformaram em méritos. “Colocar a camisa Valleu todas as manhãs, me faz lembrar momentos difíceis da minha vida, porém muito importantes, porque foram eles que me levaram a chegar onde cheguei”, se orgulha.


Funcionários que se tornaram revendas

Muitas das revendedoras Valley são de responsabilidade de ex-funcionários, que deixaram a fábrica e foram direto para o balcão levar conhecimento e bom atendimento aos clientes. Adalmir dos Santos, o Fumaça, é um desses. Técnico em eletrônica, sua história com irrigação começa quando ele e a família migram do Piauí para São Paulo.

Na cidade grande trabalhava de dia e estudava à noite. De curso em curso foi ganhando conhecimento até ver um anúncio de emprego contratando eletricista para a Asbrasil. Se candidatou à vaga, fez o teste e começou a trabalhar. Começou como montador e logo passou a assistente técnico.

Observador, durante as viagens pela empresa, Fumaça ia trocando informações com outros profissionais. Mudou-se e foi convidado a assumir cargo em Guaíra – SP. “Coordenava meu tempo em trabalhar na fábrica em Uberaba e dar assistência técnica”. Foi cativando clientes e ganhando espaço dentro do setor.

Em 1992, assumiu a revenda em Guaíra. Junto com o sócio e os direitos trabalhistas de 12 anos de trabalho, assumiu uma dívida alta para o padrão da época e investiu no negócio. Em tempo recorde e muito trabalho pagou o financiamento. Em 2000 separou sociedade e fundou a S & A Irrigação com a ajuda da mulher. “Graças ao meu braço direito, Solange, pude ter tranquilidade em cuidar da área que mais me identifico que é o campo, enquanto ela cuida do administrativo”.

A tecnologia Valley sempre lhe chamou a atenção. Mesmo nos tempos difíceis da empresa, Fumaça acreditou e seguiu firme, recebendo a ajuda dos parceiros e amigos que fez dentro da empresa: “Tenho muito que agradecer aos velhos amigos”. Ao todo são 34 anos dedicados à irrigação, 22 como revenda. Nunca pensei em mudar de marca. Sempre acreditei na empresa. “Vi os primeiros pivots serem instalados no Brasil, numa época que muitos não acreditavam em irrigação”.

O piauiense que viu de perto a seca e o desgosto do pai ao perder dinheiro nas plantações em seu estado natal migrou para o Sudeste sem saber seu destino: o de irrigar muitas lavouras. E brinca: “Que ironia! Um nordestino trabalhar com água”. Fascinado, vê de longe seu Piauí sendo hoje um polo de agricultura, inaugurando a pouco tempo uma revenda Valley. “Estou ansioso para conhecer e cumprimentar meu colega durante a convenção de Fortaleza. Quero trocar experiências”, diz entusiasmado.

A trajetória que começou nos campos secos do Piauí e que hoje se consolida nos atendimentos e conhecimentos que Fumaça leva a todos os clientes pode ser resumida como de sucesso ao ver alegria em seus olhos: “Sou de uma família humilde, mas um dia ouvi: você é bem formado, tem conhecimento e dedicação. Você vai longe. Não tenho muita coisa, mas o que tenho devo à Valley. Toda minha história de vida profissional foi dentro da irrigação. Isso proporcionou a mim e à minha família aquilo que nunca tive acesso”.


Dos jardins para os campos de lavoura do Sul

Do outro lado do país, em Porto Alegre – RS em 1995 estava Arno Schollmeier fazendo bicos nos fins de semana, abrindo valas em jardins enterrando mangueiras para irrigar gramados com a ajuda dos filhos pequenos. Durante a semana buscava representações e através de uma delas, importou aspersores escamoteáveis da Alemanha com a venda do único carro: um Apolo 91.

Um dia foi perguntado por que não vendia pivot central. Lembrou-se então da época em que trabalhou por pequeno período numa revenda Valmatic. Soube que um dos sócios-proprietários da então Asbrasil estaria na cidade nos próximos dias. Através da intervenção de um ex-chefe que conhecia os pivots, recebeu o convite de ir a Uberaba para uma conversa. Era início do ano de 1997 e começava a sua trajetória em meio aos pivots centrais. “A empresa começou tão pequena que durante o dia não tinha ninguém para atender o telefone e o fax era a única forma de comunicação com meus fornecedores e clientes”, lembra.

O começo não foi fácil. Nascia em Panambí – RS, ainda prematura a Pivot Sul enfrentando o maior concorrente da época. Apesar de conhecer os clientes e o equipamento, o primeiro ano foi muito complicado e nada foi vendido. “O cliente daquela época, não acreditava e preferia comprar de outros estados. Só após três anos as barreiras do bairrismo foram vencidas e vendemos cinco equipamentos”.

Mas os resultados ainda não eram bons. Vendendo pouco, Arno mudou a estratégia: ao invés de buscar orçamentos, se dedicou aos clientes que tinha conquistado. As vendas aumentaram consideravelmente e sentiu a confiança que precisava para seguir adiante. Convidou a esposa Mariane, que morava em Porto Alegre e trabalhava como fisioterapeuta, a ajuda-lo nos negócios. “Minha primeira providência foi passar o serviço do escritório e o caixa para as mãos dela. E foi ai que a empresa passou a existir de verdade! O que era um sonho passou a ser realidade”.

A rotina mudou. Nos fins de semana sentavam planejando o futuro da empresa, tomando chimarrão. O casal participava sempre das reuniões e das convenções da fábrica. Enquanto Arno tratava de um assunto, Mariane se destacava tirava dúvidas com técnicos de outras revendas, discutindo e levando suas opiniões para a diretoria.  “Aproveitei a passagem de um cavalo, que não estava encilhado e subi nele. Só que fiquei  olhando para  trás, olhando para o passado.  Com a ajuda da minha esposa é que eu me virei sobre o cavalo e passei a olhar para frente, vislumbrando um futuro”.

O crescimento não foi tão rápido quanto pensavam. A concorrência era agressiva e desleal. Existia medo em investir em pessoal, não podendo pagar o custo. Mas novamente a luz surgiu depois que fizeram um curso na Fundação Dom Cabral oferecido pela Valmont. A empresa viu que se destacava pela solidez financeira e possibilidade de investimento no negócio. Participaram do PDRV, treinaram funcionários. Pensávamos que com mais pessoas iríamos trabalhar menos.  E o que aconteceu foi que a empresa cresceu e de um momento para outro triplicou, junto com as vendas e o trabalho também”.

Foi com trabalho e, sobretudo, com garra que Arno e Mariane elevaram a Pivotsul para uma das melhores revendas Valley, adquiriram muitas vezes pontuação prata no PDRV. São 15 anos de trabalho, e muita dedicação que colocaram a revenda em destaque. Trabalhar com irrigação é sinônimo de trabalho sete dias da semana e pelo menos 15 horas por dia. Minha esposa, parceira de todas as horas, diz que não tem roupas no armário que não sejam uniforme. Não há tempo para trocar de roupa. Assim se precisamos ir ao supermercado ou na padaria, vamos com a camisa Valley que para nós significa compromisso com os nossos clientes. É nossa paixão!”.

Quando pela primeira vez viu um pivot central em 1985 através de um folder e ficou impressionado com o tamanho do equipamento, Arno não imaginava que 12 anos depois sua vida estaria ligada a ele. “Durante a conversa em Uberaba, viram a sua frente alguém que não tinha nada, a não ser alguém com muita garra e força de vontade”. A paixão por irrigar, talvez surgisse naquele momento e anos mais tarde estaria estampada na marca que carrega todos os dias.


Os casos de sucessão e sucesso

Ainda que os números sejam positivos, existe uma grande preocupação em manter uma empresa familiar. Pesquisas apontam que as empresas familiares representam a maioria das companhias brasileiras e, de acordo com o Sebrae, equivalem a 90% do total, por isso desempenham importante papel no desenvolvimento do país e na formação do Produto Interno Bruto – PIB.

Graças ao trabalho de muitos pais brasileiros, esses números são expressivos, mas casos nos mostram que na prática a representação deles nem sempre pode ser considerada. A sucessão familiar nas empresas é preocupação de muitas famílias quando percebem que os filhos não querem continuar o trabalho dos pais por acreditarem em outras profissões ou ainda por não terem interesse pela sucessão. Muitas vezes é um trabalho complicado, pois envolve situações de conflito e discordâncias que magoam tanto pais quanto filhos.

Este não é o caso das revendas Valley Pivodrip em Patos de Minas – MG e Luiz Eduardo Magalhães – BA; Pivosul em Panambi e São Luiz Gonzaga – RS; Germek em São José do Rio Pardo – SP; Pivot em Goiânia, Cristalina, Formosa – GO, Paracatu e Unaí – MG; e da Pivotec em Santa Juliana, São Gotardo – MG e Rio Verde - GO. Nessas revendas toda a família veste a camisa Valley, mostrando que todos têm não só paixão em irrigar, mas também em continuar no rumo certo. São casos de sucesso que deixam os pais dessas revendas orgulhosos e tranquilos quanto à continuidade de tanto trabalho e suor.

O exemplo dessas revendas é importante, pois, conforme estatísticas, de cada 100 empresas familiares fundadas no Brasil e no mundo, apenas 30 sobrevivem à segunda geração, 15 empresas à terceira e quatro sobrevivem à quarta geração, ilustrando aquela velha história: “pai rico, filho nobre e neto pobre”.

A Valmont tem cada vez mais levado em consideração a importância das sucessões dentro das revendas Valley. Chamar a atenção para isso é dar a cada revendedor a questão em ter o trabalho de anos, mantido a passos fortes e determinados que os filhos têm, dinamismo da juventude e da garra em trabalhar em nome da irrigação. São na verdade, trocas de experiências que auxiliam no profissionalismo das duas gerações, além de poder trabalhar em uma convivência madura e respeitada.

As chances de uma sucessão acontecer naturalmente são poucas e o processo deve iniciar o mais cedo possível, considerando regras e consequentemente profissionalização. Pais e filhos juntos podem desenvolver ações de grande valia para a empresa. A figura do sucessor é muito mais que a liderança, é a manutenção da fonte de renda para sustentar a família, além da continuidade do sonho do empreendedor que a fundou. 

Levar a cada manhã o filho para o trabalho é o sonho de cada pai, depois de anos a fio buscando clientes, levando assistência técnica e desenvolvendo elos que levaram cada uma das revendas Valley a sair de um projeto e chegarem onde estão. Esse sonho não é apenas dos pais, mas também da Valmont que se orgulha e parabeniza a todos que fazem parte da Família Valley.


A convenção 2014

O tema da convenção 2014 é Família Valley e foi propositalmente pensado para homenagear homens e mulheres que dedicam-se diariamente não apenas pela marca Valley, mas sobretudo, pela irrigação no Brasil. São dias e dias levando conhecimento e tecnologia através dos pivots centrais da Valmont e onde famílias inteiras no Brasil são alimentadas durante todo o ano. Carlos Reiz resume: “De todos os problemas que já tive o maior foi o sacrifício em ficar longe da minha família. Fui infelizmente um pai ausente. Viajava muito. Por isso que quando o tema da convenção foi pensado, disse que seria importante homenagear a família”.

Contentes e apaixonados pelo que fazem, é bonito ver tantos olhos apaixonados, tantos sorrisos e algumas vezes, vozes embargadas quando o assunto é irrigação. O orgulho e a paixão dos funcionários, revendedores e colaboradores que participam do processo de levar pivots Valley às lavouras brasileiras, não nos dá apenas noção do comprometimento desses que todos os dias saem de suas casas para auxiliar na cadeia produtiva da agricultura, mas também, o de serem todos dignos de aplausos e agradecimentos: das famílias brasileiras para a Família Valley.


Matéria de capa publicada em Pivot Poin Brasil - dezembro de 2014

Theodorus Swart – o holandês que se tornou brasileiro

Muitas histórias nos são contadas todos os dias. Todavia, muitas são cheias de dificuldades, conquistas e sucesso. A história de vida de Theodorus Swart não é diferente. E não é diferente também a importância de narrá-la e servir de inspiração e exemplo.
Ainda criança, Theodorus saiu de seu país de origem aos dez anos. Acompanhando seus pais e irmãos, a família sai da Holanda em busca de novas oportunidades. As condições holandesas naquela época não eram boas. O país sofria com a devastação causada pela Segunda Guerra e o próprio governo incentivava a imigração. Austrália, África do Sul, Canadá, França e o Brasil eram o destino de muitos holandeses. Aqui a família Swart desembarcou, por dois motivos: o país estava investindo em agricultura e era um país católico. Aliás, grandes grupos de holandeses vieram para terras tupiniquins exatamente pela abrangência do catolicismo, que, através da Associação Neerlandesa dos Lavradores e Horticultores Católicos formavam colônias que coordenavam as imigrações, seguindo acordo com o governo brasileiro.

Em uma dessas colônias veio parar o pequeno Theodorus. Holambra, a cidade das flores, era ainda uma pequena colônia de holandeses aberta para novas conquistas. O nome surge das iniciais de Holanda, América e Brasil. Ali a agricultura e a pecuária leiteira, atividades desenvolvidas pela família Swart, foram mostrando a força de um povo forte por natureza e cheio de vontade de trabalhar.

Aos 18 anos, Theodorus junto com um dos irmãos, muda-se para Holambra II, onde continua até hoje. Começam juntos a plantar e se profissionalizar dentro da agricultura, a construir suas famílias e abrir dentro da região de Paranapanema, um verdadeiro canteiro de culturas de onde sairia muito feijão para muitos pratos brasileiros.

A vida não era fácil. Embaixo de sol, chuva, dia ou noite Theo Swart plantava soja, arroz, milho e algodão. Ao se lembrar daqueles tempos, comenta como era difícil trabalhar por até 36 horas sem dormir para arar a terra a ser semeada antes da chuva. Tudo era bem complicado e a luz no fim do túnel foi vista em 1985, quando o agricultor ficou conheceu um pivô. “Fomos até Guaíra conhecer o equipamento. Nessa época já trabalhava com o sistema de canhões, complicado porque tínhamos que levar de um lado para o outro. Quando vimos a estrutura daquele tamanho andando, podendo trabalhar inclusive à noite quando é melhor o aproveitamento da água pelo solo, falei: vamos acabar com aquilo que temos e vamos passar a colocar pivô central!”.


O primeiro pivô

Menos de um ano depois da apresentação ao sistema de irrigação, Theodorus e mais cinco produtores fizeram o grande investimento de suas vidas: uniram-se em busca de negociação e num pacote só adquiriram seis pivôs. Tratava-se de um Carbundum, marca francesa já sem produção. Mesmo sabendo que teria mais produção, as expectativas surpreenderam: “Para nós aquilo foi uma evolução! Uma mudança radical que aconteceu em nossa região! Basta ver quantos pivôs temos por aqui hoje: mais de 2 mil”. A satisfação da colheita levou à compra do segundo pivô: um Asbrasil – fábrica que em 1997 se fundi à Valmont. A escolha foi baseada no antigo sistema de irrigação através dos canhões que eram assinados pela empresa. A foto desse equipamento está na parede do escritório.

A aquisição dos pivôs mudou a vida de Theodorus Swart. A partir do investimento começou a plantar de forma programada. Foi vendo rapidamente que o que plantava em cinco anos, estava fazendo em um. Rapidamente viu que tinha feito um bom negócio, seus lucros foram aparecendo, cada vez mais foi podendo ter controle sobre suas lavouras e chegar aonde chegou: “A irrigação trouxe para nós outra realidade. Mudou o serviço, mudou o trabalho. Hoje podemos manter culturas e funcionários o ano todo”.


A sucessão familiar

A realidade de Theodorus infelizmente não é a mesma de tantos outros produtores brasileiros. A falta de incentivos e tecnologias nem sempre convence os filhos a continuarem os passos dos pais, que têm que se render à contratações e administrações terceirizadas. Trinta anos após o primeiro sistema de irrigação e 51 pivôs, a família de agricultores Swart tem caras novas. Trabalhando com os filhos Ricardo, Eduardo e Cristiano, o agricultor, tem a alegria e a confiança de ter em sua mesa, toda a família planejando as questões do plantio certo na hora certa. O que antes fazia sozinho, hoje tem lado a lado três engenheiros agrônomos além do genro zootecnista e especialista em genética para discutirem as questões das fazendas.

Essa sucessão foi seguindo o caminho mais simples: o do exemplo. A convivência é para o Sr. Swart a grande diferença. Foi levando os filhos ainda pequenos para a lavoura que fez nascer o heroico espírito de ser agricultor em cada um dos meninos. “Tem que gostar. Tem que levar junto e mostrar a convivência. Nunca falei para nenhum deles ser agrônomo. Seguiram esse caminho porque gostaram do que foram vendo. É querer viver do e no campo”.

Emocionado, Theo mostra-se feliz ao ver os filhos juntos e se considera um homem realizado. O que começou em 1986 com a aquisição do primeiro pivô, juntamente com o trabalho diário mostra no rosto do holandês que se diz brasileiro, um homem firme, mas cheio de orgulho e satisfação. “Quando tinha dez anos já estava em cima de um trator. Aos 15 dirigia caminhão. Acho que começamos a nos espelhar nele, pegar gosto e assim aprender a dar valor nas coisas. É lá debaixo que temos que aprender para que um dia possamos ensinar. E isso estou tentando fazer igualzinho com meu filho”, conta Ricardo Swart, filho mais velho.

Para o irmão Eduardo Swart, o maior exemplo é a perseverança: “Desde moleque vi com meu pai que era preciso trabalhar bastante para se conquistar as coisas. Ao acompanha-lo nascia o interesse em fazer o que fazia”.

Hoje com uma produção em quatro propriedades, Theodorus Swart produz feijão, soja, milho para sementes, trigo, cevada, aveia para cobertura e algodão. Mesmo com as dificuldades em ser produtor no Brasil, com a falta de escoamento para o transporte da produção, portos sem infraestrutura, burocracias nos financiamentos e ferrovias que nunca saem do papel, Theodorus vê que sua condição é hoje diferente graças à irrigação. Ao voltar os olhos para as manchas de sol presentes em seus braços, lembra-se da dificuldade em esperar a chuva para colher: “O que começamos com o primeiro pivô, junto com o trabalho nos trouxe onde estamos hoje. Se não tivesse escolhido por irrigar, não sei se estaríamos aqui”. E Ricardo completa: “Irrigar é um seguro seu, junto com o plantio direto. Você não pode errar. O custo é muito alto para se ter uma lavoura seja do que for. Se você errar e não colher nada, imagina o que é preciso para se recuperar? Talvez isso nunca aconteça”.

Aos dez anos de idade Theodorus Swart, sai da Holanda e atravessa um Atlântico inteiro junto com seus pais e irmãos atrás de um sonho: uma nova vida em uma nova terra. O Brasil era o destino. O que o pequeno holandês não sabia era que aquela seria sua primeira grande aventura. Dali em diante sua vida seria marcada por grandes desafios, dificuldades, e, enormes conquistas. Seu destino não era apenas chegar ao novo país desconhecido, mas sim, ser um grande agricultor. Chegava ao Brasil um menino que apostaria e confiaria na irrigação para ir longe. E mais: sendo exemplo e seguido pelos filhos.

Matéria publicada em Pivot Point Brasil - dezembro de 2014