domingo, 24 de outubro de 2010

BASTA!

Fazer faculdade de novo, proporciona umas coisas bem mais legais. Não estou falando simplesmente da sucção de aprendizado. Estou falando de interações que nos sensibiliza. Quarta última, durante uma apresentação sobre violência para a disciplina 'Questões Sociais e Realidade Local e Regional', o grupo entregou aos alunos um texto com o título "BASTA". O texto de Betto Barquinn, ator e escritor, fala tudo aquilo que está preso em nossas gargantas. É um arroto onde acredito eu, tudo e todos de nós tem identificação. Fica mais legal se for lendo junto à música. Ótima leitura!
"Eles escravizaram índios e negros. E não falei nada... Eu não tinha nascido. Aí eles tomaram suas terras, exterminaram culturas e civilizações, provocaram o genocídio e o etnocídio dizimador dos grupos indígenas, condenaram os negros ao preconceito de cor, à segregação racial, ao apartheid sócio-econômico da favela-quilombo-senzala. Disseram-me que no Brasil não existe racismo. Percebi que uma pessoa preconceituosa não tem idéia do horror e da humilhação, que é ser descriminado pela cor da pele. E não falei nada... Eu não era negro. Eles quiseram calar os intelectuais com a Ditadura. E não falei nada... Eu não era Pensador. Eles transformaram o país numa piada internacional. E não falei nada... Eu não achei engraçado. Eles tratavam suas empregadas domésticas como se elas fossem lixo. E não falei nada... Eu não era domesticado. Eles fingiram não ver os morros crescendo sem a menor estrutura humanitária. E nem o ódio nascendo no barraco ao lado. Fizeram a mídia do cartão-postal para gringos. E esqueceram de cuidar de seus habitantes, proporcionando-lhes saúde, habitação, saneamento básico, educação, auto-estima, cultura, esporte, trabalho, dignidade, segurança, comida... Achavam lindo ver garotos subnutridos fazendo malabarismo no sinal fechado. Dotados de fisiologismo de tribuna, aplaudiam. Afinal, nunca se sabe qual deles vai parar na geladeira do IML, engrossando as estatísticas e superlotando o freezer dos indigentes. Em troca de votos, praticavam a caridade que dá miséria - aos miseráveis. Quando a desordem social virou guerra civil, eles se trancaram em seus castelos blindados, e mandaram os filhos para a segurança de um paraíso fiscal. E eu que achava que não tinha nada haver com isso, não falei nada. Agora, a violência espedaçou-me profundamente, levando numa bala perdida, a liberdade de poder caminhar com minhas próprias pernas. BASTA! Não vou mais ficar calado! No segundo que alguém é vítima da violência – a humanidade primeiro fica órfã. Não adianta chorar pelo sangue derramado. Temos que agir. Uma pessoa armada é uma arma! Desarme-se! A vollência é um fenômeno passageiro. A paz é eterna! Eu não sou objeto. Sou sujeito! Moro no Rio de Janeiro, sou carioca, cidadão brasileiro, e vou viver pela PAZ.
BASTA! Minha faixa diz: BASTA! Meu coração diz: BASTA! Minha paz diz: BASTA! Não vou me "despacificar". O meu amor por ti me basta! A tua alma em mim se encaixa. BASTA! de violência. Basta! de incoerência. Basta! de preconceito. Basta! de tortura. Basta! de impunidade. BASTA acreditar para o milagre acontecer. BASTA se amar para ter a paz em você. BASTA olhar o outro para a si mesmo enxergar. E se isso tudo não lhe basta, antes mesmo de querer mudar o mundo, mude o seu interior! Mergulhar em si mesmo já basta, para descobrir que o melhor lugar do mundo está dentro de você. Então o teu amor por mim me basta, a minha alma em ti se encaixa. BASTA!
Eu sou DA PAZ, eu sou DO BEM, sou tudo aquilo que o amor contêm. Você é DA PAZ, você é DO BEM, você é DO AMOR, e de mim também. BASTA! de liberdade vigiada, de cidade sitiada, de palavrão moral e cívico. BASTA! de miséria nas calçadas, de desordem e regresso, de multidão desempregada, enterrando-se no progresso. BASTA! de censura sublinhada, de egoísmo indigitado, de atropelo e engano, de humano desumano; assassinando o ser humano. BASTA! de tolerância maquiada, de inclusão desocializada, de política antropofágica. BASTA! de pessoas gananciosas, vingativas, bélicas, frias e calculistas. BASTA! de Brasil sem brasileiros, de analfabetos sem história, de crianças saciando a fome cheirando cola. BASTA! de adultos sustentando o crime, armados com drogas, e de balas perdidas encontrando seus alvos, na porta das escolas. BASTA! Se você concorda comigo: R.S.V.P! Se você quer paz: R.S.V.P! Se você quer um país aonde possa ser feliz: R.S.V.P.! Se você está cansado de ser desrespeitado:
Répondre s'il vous plait!
BASTA não esquecer a dor de Luciana Gonçalves de Novaes, baleada na cantina da Universidade Estácio de Sá no Rio Comprido. Basta não esquecer a dor de Gabriela Prado Maio Ribeiro no Rio de Janeiro. Basta não esquecer a dor de Alana Ezequiel em Vila Isabel. Basta não esquecer a dor de Vanessa Calixto dos Santos na Cidade de Deus. Basta não esquecer a dor de Vladimir Novaes de Araújo em Bonsucesso. Basta não esquecer a dor da doméstica Sirley Dias, covardemente espancada e roubada por jovens de classe media alta na Barra da Tijuca. Ou, a dor do índio Galdino incendeado em Brasília. Ou, a dor do turista italiano, Giorgio Morasse, atropelado e morto por um ônibus, após reagir a um assalto no calçadão de Ipanema. Ou, a dor da professora Vitória Marques, morta com um tiro na cabeça e outro na barriga, após tentativa de assalto em Botafogo. Ou, a dor do menino Hugo Ronca Cavalcante de 12 anos, atingido por uma bala perdida na cabeça dentro do Clube Federal no Alto Leblon, morto após sete dias em estado de coma. Ou, a dor do flamenguista Germano Soares de Souza, 43 anos, agredido numa briga de torcedores no centro do Rio. Ou, a dor dos travestis Maycon Teixeira Karam Mendes, de 20 anos, e Alex Eduardo Silva, 38 anos, assassinados em Jacarépagua, zona oeste do Rio. Ou, a dor da menina Ágata Marques dos Santos, 11 anos, morta após ser atingida por uma bala, durante operação policial na Rocinha. Ou, a dor de Lucas Maiorano, 17 anos, morto por overdose de ecstasy numa rave em Itaboraí. Ou, a dor de Isabella Nardoni, 5 anos, assassinada em São Paulo num crime hediondo, torpe, cruel e sem chance de defesa, que enlutou à família brasileira. Ou, a dor dos milhares de homossexuais assassinados, simplesmente, por serem homossexuais. Ou, a dor das mulheres que apanham de seus maridos. Ou, a dor dos filhos que apanham de seus pais. Ou, a dor dos pais que apanham de seus filhos. Ou, a dor da vítima mais recente de hoje, cujo crime o Jornal Nacional acaba de anunciar, e que infelismente, não foi o último. Ou, ainda, a dor de todos os outros... pobres, ricos, negros, brancos, fiéis e ateus, que perdem todos os dias pelas raias do progetil, os afetos seus, na bala perdida do fuzil.
BASTA conjugar o verbo amar em todas as pessoas e em todos os tempos verbais. BASTA não ser invejoso. BASTA não ser mau agradecido. BASTA dizer: Por favor. Basta dizer: obrigado. BASTA fazer de si e do outro um ser humano melhor. BASTA saber que se você trata bem alguém, esse alguém te dá o melhor que ele tem. BASTA promover à inclusão digital. BASTA entender que a democracia é tão essencial quanto o ar que se respira. BASTA ser otimista. BASTA não ser avarento. Porque tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro. Basta de aquecimento global. Basta respeitar o protocolo de Quioto. BASTA acabar com a fome e a miséria. BASTA proporcionar educação de qualidade para todos. BASTA reduzir a mortalidade infantil. BASTA dialogar. BASTA que o horário eleitoral gratuito seja pago. BASTA apoiar a Lei Rouanet. Basta não ser um número de série. Um ordinário. Um sem referencial. Um sem alma. Um robô ôco de carne e osso. Um objeto-abjeto. BASTA ao ministério da cultura entender, que não só de cesta básica que se vive o homem. Mas de circo, teatro, MPB, literatura, artes plásticas, balé, cinema, ópera e acarajé!
BASTA! Por você, por mim, pela natureza, pela vida, por eles, por nós... Eu digo BASTA! Eu digo BASTA! BASTA!"

sábado, 25 de setembro de 2010

Dia do Campo Limpo: preservação do meio ambiente rural

 Em todo o país, profissionais ligados ao meio ambiente juntaram suas idéias e informações para levar conhecimento ao homem do campo. No dia 18 de agosto, Dia Nacional do Campo Limpo, foram discutidas e apresentadas as alternativas de combate no descarte das embalagens de defensivos agrícolas.
Em comemoração ao dia, a Syngenta representada pela engenheira agrônoma Jacqqueline Teixeira com o apoio da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Tapira, do Degraf (Instituto Academia de Desenvolvimento Social) e da Agrocerrado, esteve na Comunidade Alto da Serra em Tapira, para ministrar palestra sobre o uso correto e seguro de defensivos agrícolas e descarte de utensílios.
Moradores de propriedades rurais daquela região foram convidados através do líder da comunidade, a participarem da palestra que informava a necessidade do descarte das embalagens vazias, de acordo com a legislação. O não cumprimento penaliza o produtor à pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa, de acordo com a Lei nº 7.802/1989, alteração nº 9.974/2000 e decreto nº 4.074/2002.
De acordo com a lei, as embalagens devem passar pela tríplice lavagem com água, e devolvidas nos locais licenciados e indicados na nota fiscal, em até 1 ano da data de compra. Os comprovantes de devolução devem ser guardados afim de serem apresentados à fiscalização.
Durante a palestra ainda foi frisado a necessidade do uso das EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), onde apenas 7% dos produtores brasileiros utilizam dessa ferramenta para se auto-protegerem durante a aplicação de agrotóxicos. Ou seja, 93% desses homens e mulheres estão se intoxicando diariamente podendo desenvolver doenças como o câncer.

Para a palestrante Jacqueline Teixeira, ainda há muitos produtores que utilizam dessas embalagens nocivas à saúde para o armazenamento de alimentos. “Se cada um fizer a sua parte, desenvolvendo a sustentabilidade, o meio ambiente e as crianças terão muito mais segurança e vida saudável no futuro.”
No final da apresentação abriu-se momento para debate. O líder comunitário Sr. Hélio Renê Borges, disse que a ação foi muito importante para que a comunidade em geral pudesse ter acesso à informações onde muitas vezes não têm oportunidade de participarem devido ao dia a dia na lida da roça, acreditando ainda que outras palestras devem ser feitas.
Para o produtor rural Sr. Natal Ribeiro Carvalho, valeu muito a pena, pois acredita que muitas vezes desenvolvem esses procedimentos de forma errada devido a falta de orientação, agradecendo entusiasmado a engenheira agrônoma.
O evento terminou com moradores e produtores em confraternização, muita prosa, queijo mineiro, pipoca e café, além da famosa cachaça para degustação na noite fria da Comunidade Alto da Serra.

O Dia Nacional do Campo Limpo é uma iniciativa do Inpev (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) e de associados – fabricantes e comerciantes de defensivos agrícolas e entidades representativas do setor. Nesse dia 18 de agosto foi comemorado a sexta edição do evento.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Luzes no fim do túnel

Em ano eleitoral, muito se fala em projetos executados durante os mandatos. Mas, devemos comentar e dimensionar aqueles que verdadeiramente farão e fazem a diferença, como os cursos de capactação que a Câmara Municipal de Tapira, há 400 km de Belo Horizonte, oferecem à comunidade juntamente com a Prefeitura. A parceria serviu para aprimorar os conhecimentos dos alunos participantes que estiveram motivados e seguindo as aulas em peso, auxiliando assim no aumento de rendas.
Tapira tem pouco mais de 3.700 habitantes, grande parte moradores na zona rural, sobrando alguns poucos mais de 1.500 morando na zona urbana. Desses, em torno de 80 pessoas participaram dos cursos de capacitação.
Para alguns desses alunos, os cursos já estão dando frutos, como é o caso de dona Sebastiana Reis Araújo Ferreira de 46 anos. Ela fez cursos de ovos de Páscoa, de bombons e de salgadinhos. Muito animada ela diz: “Achei uma maravilha! Todas as minhas amigas pedem para eu fazer bombons e salgadinhos em suas festas de aniversário. Só não faço mais por falta de tempo!”
Com o dinheiro que ganha na venda de salgadinhos ajuda nos gastos da casa comprando alimentos e remédios para o pai que ela cuida. Além é claro, fazer quitutes para mimar os netos!
Tendo como meta sempre melhorar, seu desejo é fazer cada vez mais cursos como esses. Aguarda ansiosa pelos cursos de panetone e sabonete. “Nunca imaginei fazer ovos de Páscoa. Um ovo na loja custa R$ 20,00 e com R$ 10,00 faço um baita ovo!” comenta satisfeita.
A micro-empresária Maria Geralda Sousa Silva também de 46 anos e proprietária de padaria, fez os cursos de bombons, salgados e de qualidade de atendimento. Com os cursos, aprimora cada vez mais tanto suas receitas quanto com a qualidade que atualmente atende seus fregueses.
Para ela o saber não ocupa lugar e para quem quiser aprender há mercado de trabalho. Todo o aprendizado do curso passa para seus funcionários onde percebe serem também melhores profissionais, além de terem maior competência para atender os clientes da padaria.
Maria considera que a junção do que sabia com o que aprendeu nos cursos oferecidos, ter chegado ao ponto certo. Hoje ela diz: “Tudo que faz, sai! Tudo que eu faço vende graças a Deus. Só tenho a agradecer! Estou muito feliz!”. E termina dizendo como dona Sebastiana: “não faço mais porque o tempo é pouco!”
Atitudes como essas, fazem bem não somente aos moradores de cidades como Tapira, mas, principalmente à democracia que ganha benefícios e glórias que muitas vezes não condizem com a realidade da política brasileira.
Foi muito bonito presenciar e colher depoimentos de pessoas que mostraram satisfação e alegria em falar de suas novas conquistas e das expectativas de um futuro melhor. Bonito também é pensar que nem tão ruim estão as coisas por ai. Por mais que esses exemplos são de poderes municipais, e estamos nos preparando para mudar os representantes estaduais e federais através do voto, servem-nos de esperança para que em 3 de outubro, na urna digitemos números de pessoas que tenham capacidade para nos reperesentar. Pessoas essas que em seus currículos, carreguem bagagens de homens e mulheres dignos de respeito e confiança.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Eita!

A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Sempre e novamente me surpreendo... Quando se pensa que nada tem graça, vem um redemoinho de novas novidades (se é que pode-se utilizar esse termo) e tudo começa de novo do começo. Amo muito tudo isso.
O de longe e do passado fazem de repente novamente parte de sua vida. Parece que o anjo protetor vai lá e os avisa que estão sendo necessitados! E como é bem-vinda toda essa nova velha vida!
Talvez algum poeta já tenha dito, e se não disse eu digo com propriedade: o bom é ser feliz e mais nada! Esperança de dias melhores sempre nos veem a mente, mas coragem para ir adiante nem sempre nos acompanha. Quando digo isso, digo com o pé da letra de ter na cabeça uma vontade de mudar os pensamentos e um coração aberto às novas aventuras.
Incrível é poder dizer que foi e que não, de maneira nenhuma, passou-se por cima da essência do coração. Da autêntica capacidade de ser incrivelmente bom, sensato e verdadeiro. Sem machucar absolutamente nada, muito menos alguém.
arquivo pessoal
Quando crescer quero poder entender que tudo que vejo, ouço, sinto e percebo nada mais é que uma brincadeira de roda, tão infantil quanto a bobagem de ter expectativas. E sabe o que acabei de compreender desejando? Que quando eu crescer quero ser sabe o que? Exatamente como sou agora! Com o sorriso no coração e uma estrada de coragem para seguir...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sem Sonhos

Folheando uma revista aqui de bobeira, dei de cara com essa foto. Dei de cara mesmo, do ponto de vista de que fiquei impressionada com ela. Passsando o olho pelo texto, descobri que essa foto, titulada como "Sem Sonhos" e do fotógrafo brasileiro Ivaldo Cavalcante, participou da 13ª edição do premio internacional "A photo for peace - a photo for tolerance" e classificada em 5º lugar. 
A premiação, realizada pelo Centro di Ricerca e Archiviazone della Fotografia (CRAF) na Itália, tem apoio do Centro de Informações das Nações Unidas para a Europa Ocidental, ainda premiou mais duas fotos do autor: "Anjos do picadeiro" e "Menor Preso", que ficaram entre as 50 melhores.


Ao lado a foto ganhadora do 13º Uma Foto pela Paz - Uma foto pela Tolerância. Esse ano, a OSCE lançou um concurso de fotografia para destacar a tolerância e a não discriminação - prioridades da presidência da OSCE do Cazaquistão em 2010, onde os vencedores receberão um round-trip para Astana em junho. As inscrições encerraram 10 de maio.

terça-feira, 16 de março de 2010

O Ipê Amarelo

Vou contar aqui o caso do Ipê Amarelo de Rondônia. É o caso do Ipê que foi cortado para servir como poste de luz, mas que renasceu. Tem um autor desconhecido que conta essa história melhor, que se chama "Da energia se fez a vida":

“Na guerra pelo progresso, o homem não mede esforços e as conseqüências dos seus atos. O importante é avançar. Numa batalha desigual, destrói insanamente os recursos naturais, essenciais à sobrevivência. A resposta da natureza pode até demorar, mas não falha. Às vezes, é imediata, intrigante ou mesmo desafiadora. Só precisamos interpretá-la.
Num ato silencioso e inusitado, ela respondeu aos afiados machados e às violentas motosserras, maiores formas do desrespeito destruidor. Insistiu e exigiu seu espaço para expor a beleza de suas flores e a generosa sombra de sua copada, numa grande demonstração de energia e desejo de viver.
Derrubado e transformado em poste para suporte dos fios da rede elétrica, o Ipê amarelo não se entregou. Com uma reação estupenda, recuperou sua pompa e reinado de árvore símbolo nacional. Rebelou-se à condenação injusta, criou suas raízes no solo e voltou a reinar absoluto, esbanjando alegria e beleza com sua identidade marcante. Reconsiderando o seu ato, o homem decidiu transferir a rede elétrica a um poste de concreto instalado ao lado. Agora o Ipê reina livre dos fios.
Este Ipê que pode ser honrado com “I” maiúsculo, é uma atração pública em Porto Velho, capital de Rondônia, distante 3.500 quilômetros de Porto Alegre.
Doce privilégio dos moradores do bairro, a exemplo do fotógrafo amador Leandro Barcellos, gaúcho de Passo Fundo que reside em Porto Velho nos cede a imagem para saboreio dos eletricitários gaúchos.
Com forte herança dos povos latinos, durante algumas décadas, Rondônia exerceu forte poder de atração sobre sulistas e nordestinos para exploração mineral, extrativismo e agricultura, desenvolvendo uma nova cultura miscigenada.“

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Avatar

Quarta-feira dia de cinema lotado!!! Ainda mais nas férias... 50% de desconto + carteira de estudante... é muito adolescente por metro quadrado. Não que eu tenha alguma coisa contra os adolescentes. Pelo contrário. Adoro sua vontade de descobrir o novo, de desbravar os conceitos pré-estabelecidos, e acima de tudo, a rebeldia. Mas defenitivamente, odeio sua falta de bom-senso. Cinema é lugar de: ver filme! Mas tudo é questão de tempo.
Começo contando assim por que eu quis ver Avatar desde que Gabi me disse: "É a sua cara!" Na verdade quis ver exatamente e somente por isso. Tenho um pouco de preguiça de filmes que eu poderia rotular aqui como pop's. Mas percebi que ela dizia uma coisa real. A curiosidade era muito grande. Mas as férias e a opção de ser dublado me impedia de ver. Imaginando que fevereiro era mês de aula já, fui ver o filme (depois de ter vencido o Globo de Ouro como melhor filme e melhor diretor e ser indicado ao Oscar nessas mesmas categorias).
A princípio fiquei um pouco desnorteada por causa da dublagem. Não que seja mal feita, mas é que eu tenho uma dificuldade de assimilar, mas, não posso deixar de comentar que o áudio é baixo. Fui sendo devagar levada a participar do filme. Não somente pela perfeição de cenas, de design gráfico, de luz, e de fotografia que é linda demais. Além da historinha de amor que faz parte... Mas sobretudo pelo roteiro.
Pandora, um planeta onde há metais e ecossistemas que não existem na Terra no ano de 2154. Tudo é quase que endeusado por botânicos ou geneticistas, já que apesar de não serem ilustrados, a impressão que se tem é que na Terra tudo teria sido destruído e existe a necessidade ($$$) de explorar Pandora para conseguir fontes de energia já agora inexistentes para um mundo do futuro. A integração do povo de Pandora com o povo da Terra é muito interessante. O "mundo virtual" de Pandora se encaixa tão perfeitamente no "mundo real" da Terra que com o rodar do filme, vira tudo a mesma coisa. Para os Na´Vi, a raça inteligente do lugar, a energia da natureza e a religião são únicas e fazem parte de todos. Os Na´vi são ligados de toda forma à divindade que cria a natureza. Vida e morte são sentidas por todos. São equilíbrios. Lembra algumas vezes as grandes sociedades extintas da Terra.
Até então, O Labirinto do Fauno era o filme que mais havia me emocionado. Minha mãe diria "conversa de doido", mas acredito sim num mundo paralelo onde acontecem coisas que não conseguimos ver, mas sentir plenamente. Penso que dentro da natureza há sim guardiões, gnomos, duendes, fadas, ou o que cada um quiser chamar. Há energias que cuidam e protegem e ainda, cobram pelo bem-estar do ambiente. Bom enfim, isso é uma coisa a parte. O que vale dizer é que o filme arrasa mesmo em tecnologia, mas tem uma riqueza de roteiro que envolve a cada cena. O fato de levar o público a pensar na Terra daqui a alguns anos e a importância da natureza para nós, e de extrema valia. Muito se fala em preservação de meio-ambiente, mas para muitos, ver isso, sentir como no caso de Avatar, aciona mais o sentidos. É interessante como a mídia, mesmo ás vezes sem querer, pode influenciar as pessoas. Antes assim.
E por falar nesse grande público que foi assistir Avatar na telona, os dados impressionam: o filme de James Cameron (Titanic) arrecadou somente em um fim de semana US$ 23,6 milhões, totalizando até o momento US$ 630 milhões nos Estados Unidos. No mundo todo, o filme já acumulou US$ 2,2 bilhões. Aqui em Terras Tupiniquins, a Fox do Brasil, apresentou o número de público e o valor de venda de ingressos até o momento. Avatar, desde o seu lançamento em dezembro de 2009, faturou no Brasil a bagatela de R$ 81 milhões e um público de 7.507.747 pessoas (dados de 09 de fevereiro). Os recordes do mundo inteiro batem o longa Titanic, do mesmo diretor, mas todavia não bate as indicações (Avatar 9 X Titanic 14). Invicto há sete semanas no ringue de líder de bilheteria. Foram quase uma década sendo criado e mais de 400 milhões de dólares consumidos entre orçamento de produção, pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e marketing.
Avatar quer dizer: "uma manifestação corporal de um ser imortal". Segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida", normalmente denotando uma encarnação de Vishna, reverenciado como divindade para os hinduístas. Posso até estar dizendo alguma bobagem para muitos religiosos. Jesus Cristo teria sido um Avatar. Aquele que vem para salvar. Mas é no Hinduísmo que a palavra tem maior significado.

"Avatar vem do sânscrito Aval, que significa "Aquele que descende de Deus", ou simplesmente "Encarnação". Qualquer espírito que ocupe um corpo de carne, representando assim uma manifestação divina na Terra. A melhor definição vem de um antigo escrito indiano, Vedas: "Avatara, ou a encarnação da Divindade, descende do reinado de Deus pela criação e manutenção da manifestação em um corpo material. E essa forma singular da Personalidade da Divindade que então se apresenta é chamada de encarnação ou Avatara. Tais Personalidades estão situadas no mundo espiritual, o reinado de Deus. Quando Eles transcendem para a criação material, Eles assumem então o nome Avatara. - Chantajar-caritativa 2.20.263 - 264.
Um acatar é uma forma encarnada de um Ser Supremo, e tais incontáveis formas divinas residem em um plano espiritual. Quando essa forma despersonalizada de Deus transcende daquela dimensão elevada para o plano material do mundo, Ele - ou Ela - é conhecido então como a encarnação ou Acatara.
Em uma concepção mais abrangente, a encarnação poderia ser descrita como o corpo de carne. Mas essa concepção seria talvez errada, conquanto tais formas divinas não se tornam reais seres de carne e osso, ou assumem corpos materiais. Uma alma comum assume corpos matérias de carne e osso, mas no caso dessa manifestação divina, Seu corpo e Sua alma transcendem a matéria e embora apareçam como impersonalizações, aquele corpo também pertence a Sua essência espiritual.
Essa palavra Avatar se tornou popular entre os meios de comunicação e informática devido às figuras que são criadas à imagem e semelhança do usuário, permitindo sua "personalização" no interior das máquinas e telas de computador.
Tal criação assemelha-se a um avatar por ser uma transcendência da imagem da pessoa, que ganha um corpo virtual, desde os anos 80, quando o nome foi usado pela primeira vez em um jogo de computador.
Avatar sempre morreu. Mas a primeira concepção de Avatar vem primariamente dos textos Hindus, que citam Krishna como o oitavo avatar - ou encarnação - de Vishnu, a quem muitos Hindus adoravam como um Deus."

Resumindo: sejamos como os Na´vi. Adoremos a Terra e tudo que há nela. Nossas divindades, o próximo e sobretudo e que somos.