terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Labirinto do Fauno


O filme ganhador de três Oscars em seis indicações em 2007 e uma idazinha a Cannes, levou a Melhor Direção de Arte (Pilar Revuelta), Melhor Maquiagem (David Marti e Montse Ribe) e Melhor Fotografia (Guilherme del Toro). O longa mexicano mostra a realidade na mais profunda forma e a magia alucinógena dos contos. Em alguns momentos, essas duas fases se misturam e parece-se dar a impressão de dúvida em qual forma é verdadeiramente a real. O filme deixou para trás produções como "Dreamgirls", "O Bom Pastor", "Piratas do Caribe - O Baú da Morte", e "O Grande Truque", no quesito Fotografia.
O roteiro é muito bem escrito pelo também diretor do filme Guilherme del Toro. A sutileza que o diretor-roteirista escreve, mostra o infantil que tem medo mas é curioso o bastante para romper as barreiras (magia) e a dura forma humana em ser ditador, autoritário e de acreditar ser capaz de poder decidir a vida de outros (realidade). É como se fosse o retorno das fábulas. Como se voltássemos ao Mundo Maravilho de Alice, só que em outra época.
A menina-atriz Ivana Baquero (doce e comovente), Ofélia no filme, o tempo todo nos dá a nítida impressão de fazer parte de nossos sonhos mais profundos. Ou melhor, de já temos passado pelas emoções que ela presencia no filme. Ofélia vem do Mundo das Fábulas e está no Mundo Real por um erro do passado. Nos momento de dúvida se ela é real, se seus amigos são ou não reais, preferimos acreditar na magia de suas aventuras e descobertas.
O ditador vivido pelo ator Sergi Lopez (muito bem interpretado), mostra as fraquezas e medos daqueles que preferem esconder atrás de um posto amenizando sua invalidez psicológica. Vidal é capitão das forças fascistas da Espanha do General Franco. A batalha entre o bem o mal passa pelo realismo humano e a energia mágica de faunos e fadas. São esses dois mundos o gancho do filme que gira em torno dessa diferença.
Iluminação perfeita. A fotografia é a responsável pelo andamento do filme, levando maior sintonia na estória. O figurino e maquiagem são tão bons que faz parte de todo o universo de fábulas já presenciado. As opções gráficas utilizadas dão maior precisão nesse detalhe.
Apesar de o filme começar um pouco lento, essa diretória é muito legal já que dá o andamento necessário para todo o restante. O movimento mais rápido mostra a realidade. O mais devagar a magia. É esse movimento todo que nos deixa ainda mais à vontade e próximos de nossa realidade-mágica. Ah e detalhe: todo falado em castelhano.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Carnaval, carnaval. Carnaval, carnaval...


Há muito, muito tempo atrás, a cultura do carnaval está na história do mundo. Para a maioria dos autores, a festa tem ligação com a liberdade, um certo tipo de culto ao corpo. Era como se fosse uma maneira das pessoas, sem preconceitos a raças, sexos, religiões, poderes, poderem se divertirem, dançarem, cantarem e se conhecerem. Já há muito tempo, a humanidade busca a fórmula como que em um passe de mágica, de repente as pessoas se confraternizassem sem haver tabu. Utopicamente falando, isso tudo dura desde então quatro dias ao ano.

A origem exata se perdeu ao longo dos tempos. A festa conhecida cmo pagã teve início na Grécia antiga no século VII a.C. Peristráto oficializou o culto a Dionísio, deus das festas. Há ainda indícios de que em Roma, em glória ao deus Saturno, as pessoas da cidade fechavam as portas, alforriavam os escravos e saiam dançando às ruas. Na abertura da festa carros buscavam semelhanças aos navios e saiam com homens e mulheres nus. Os carros eram chamados de Carrum navalis, ou carnevale. Uma outra origem pode ter vindodo latim, carne levare que quer dizer privação da carne. em 590 d. C. a Igreja adota oficialmente como Carnaval.

Com as sociedades já organizadas em castas e rígidas hierarquias com a nobreza, todas as pessoas nitidamente separadas por classes, acentuavam-se suas libertinagens e licenciosidades provocadas pelas suas necessidades de sentirem prazer sem culpa prescrita da filosofia escóastica. Sexo, bebidas e orgias incorporavam-se às festas juntamente com a inversão das classes.

Na Europa muito se tem notícia sobre a cultura do carnaval. Países como a Itália e a França se destacavam com desfiles urbanos e carnavalescos usando máscaras e fantasias. Personagens como Colombina, Arlequim e Pierrô foram tomando destaque primeiramente em Veneza na Itália e popularizando em todo o mundo. Em 1834 na França usavam um tipo de cera muito fina e papelão imitando caras de animais e careta. Eram as máscaras que estavam nos rostos dos franceses. Após o aparecimento das máscaras, surgem as fantasias dando mais vida, charme e colorido aos foliões.

Entre tantas histórias surgem as estórias de carnaval. Colombina, Arlequim e Pierrô formavam um triângulo amoroso. Todos personagens da Comédia Italiana, uma companhia de atores que se instalou na França no século XVI e difundia a Commedia dell'Arte, uma forma forma teatral originária com tipos regionais e textos improvisados. Arlequim e Pierrô seriam rivais pelo amor de Colombina. Arlequim o palhaço, o cômico e Pierrô o sentimental, o ingênuo.

Tão característico quanto, o Rei Momo seria um personagem tradicionalmente português. Sua figura foi inspirada no bufo e representava as pequenas comédias teatrais que divertia os nobres. O carnaval portiguês era conhecido como o mais violento e sujo da Europa. Por lá atiravam ovos podres, baldes de urina, latas de goma e ainda objetos pesados aos passantes. Tamanha grosseria resultava às vezes em morte.

Mas a figura do Rei Momo foi caracterizada mesmo aqui no Brasil. Não só ela mas como a tradição do carnaval veio parar em terra verde e amarela através de Portugal.

No Brasil registros contam que o primeiro carnaval data de 31 de março de 1641, quando o então governador da colônia Correia de Sá e Benevides promoveu a festa a partir da noite de Domingo de Páscoa no Rio de Janeiro. Como parte de uma série de comemorações para comemorar a subida ao trono de Dom João IV que restaurava a monarquia portuguesa. Haveriam de passar quase dois séculos até que a festa institucionalizasse como a que nós conhecemos pela história. As autoridades portuguesas receavam que os anseios do povo da província resultassem em movimentos revolucionistas.

Em 1646, José Nogueira – um português que gostava de sair pelas ruas da cidade cantando e mais conhecido como Zé Pereira – foi o protagonista da primeira marchinha de carnaval do Brasil. Daí em diante, as marchinhas eram baseadas em acontecimentos reais e personagens do cotidiano.

A festa que seria a mais popular e significativa do país, no começo foi mesmo conhecida como entrudo, devido à ligação com Portugal. O entrudo acontecia antes da quaresma e significava liberdade. Os escravos atiravam uns nos outros farinha de trigo, polvilho, cal, ovos, laranjas podres e restos de comida. As famílias em casa derramavam baldes de água suja nos passantes desavisados.

Com o tempo o entrudo foi ultrapassado. No final do século XIX os primeiros blocos carnavalescos foram às ruas. No século XX os famosos “corsos” surgiam. As pessoas se fantasiavam e decoravam os carros que em grupos desfilavam pelas ruas da cidade. Estavam a um pulo da origem dos carros aegóricos típicos das escolas de samba.

O que para o resto do mundo foi se tornando cada vez menos popular, no Brasil foi crescendo e tornando-se popularesca. Com a chegada das marchinhas as músicas deixavam as festas mais animadas.

Nesta mesma época a primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro. A “Deixa Falar” criada pelo sambista carioca Ismael Silva, mais tarde se tornaria a Estácio de Sá. A partir daí o carnaval começa a ganhar um novo formato. Novas escolas no Rio e em São Paulo surgiam e em organizada “Ligas de Escolas de Samba”. Nascia os primeiros campeonatos para análise de qual escola era a mais bonita e animada.

O carnaval foi se tornando em cada ano mais se torna um festa popular brasileira. Nos anos dourados o carnaval tem seu ápice na história. As marchinhas eram cantaroladas pelos foliões e as Escolas de Samba do Rio de Janeiro se destacam mundialmente.

O Nordeste aparece com mais festa. Em Recife e Olinda as pessoas começam a sair às ruas nos ritmos do frevo... e isso acaba de fazer 100 anos! Em Salvador, Dodô e Osmar lançam um negócio esquisito e saem em cima de uma caminhão puxando as pessoas em ritmo de axé. Era o trio elétrico que surgia da Bahia para o mundo!

E foi assim que a alegria brasileira conquistou multidões. Em todo o mundo a alegria desse povo é comentada e a farra dos quatro dias (ou cinco, ou seis, ou sete – depende do folião) faz com que muita gente não queira sair dessa magia. Todos, não importa de onde vêem, procuram estar por um tempo pelo menos mais próximos da liberdade.